NOS 110 ANOS DO INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS

Rogério Faria Tavares - Cadeira n. 71

             O Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais (IHGMG) comemora 110 anos. Fundado em 1907, ele data de quando Belo Horizonte tinha menos de uma década. À frente da ideia estava um grupo de intelectuais inspirados pela missão desempenhada, em nível nacional, pelo Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB), surgido em 1838, durante a regência una de Araújo Lima, e hoje presidido pelo competente professor Arno Wehling, que soube mantê-lo relevante, sintonizado com os desafios de seu tempo.

           Assim como a entidade sediada no Rio de Janeiro, a que se criou na então nova capital de Minas também pretendia guardar a memória e cultivar a história. Entre seus idealizadores se relacionam nomes como Augusto de Lima, Mendes Pimentel, Estevão Pinto, Virgílio de Melo Franco, Diogo de Vasconcelos e Prado Lopes. Em mais de um século, a chamada Casa de João Pinheiro realizou centenas de eventos e publicou muitos exemplares de sua revista, fonte preciosa para estudiosos e pesquisadores. Dono de importantes acervos, tem biblioteca valiosa e documentos raros, hemeroteca e mapoteca. Integrado por cem associados, é a instituição cultural privada mais antiga de Minas até hoje em plena atividade. Sobreviveu graças ao engajamento de seus integrantes na execução de seus objetivos e à liderança de dedicados dirigentes, como Herbert Sardinha Pinto, Jorge Lasmar, Wagner Colombarolli e Aluízio Quintão.

         Ingressei no Instituto pelas mãos de um de seus mais talentosos presidentes, o psicanalista Marco Aurélio Baggio, homem corajoso e inquieto, de pensamento livre e independente. Tomei posse atraído pela possibilidade de conviver com mulheres e homens reunidos pela afeição a temas que sempre me interessaram. Desde então, tenho feito ótimos amigos entre os colegas do IHGMG, onde encontrei ambiente tolerante e plural, civilizado e aberto à fraterna convivência intelectual e às diferenças de pensamento, algo essencial para a reflexão sofisticada e profunda. Afinal, na sociedade contemporânea, não há mais espaço para a imposição autoritária de uma ideia sobre outra. Todas elas merecem ser ouvidas com atenção e apreço, sem ódio, sentimento mais adequado a tribos primitivas.

          Motivado a participar da agenda de atividades do Instituto, dediquei-me com grande prazer a realizar, por três anos seguidos, o Ciclo de Conferências sobre a História da Mídia em Minas Gerais. Foram momentos importantes, em que se conheceram as origens e a trajetória de alguns veículos de comunicação do estado, como as rádios Inconfidência e Itatiaia, e os jornais ‘Tribuna de Minas’, ‘O Tempo’ e este ‘Diário do Comércio’, que gloriosamente completa 85 anos em 2017.

 (artigo publicado no jornal “Diário do Comércio” em 25 de agosto de 2017)