ISRAEL PINHEIRO DA SILVA

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 03

Por Lúcio Urbano Silva Martins

DADOS PESSOAIS

Israel Pinheiro da Silva nasceu no dia 04/1/1896, em Caeté/MG, filho do Governador João Pinheiro da Silva e de Da. Helena de Barros Monteiro.

Estudou com as Professo­ras, Marie Haulzhuns Melle e Marie Lippelt; aluno do “Colé­gio Preparatório Santo Estanislau”, “Colégio Anchieta”, matriculado em 13 de março de 1901. Em 1912, ingressou na tradicional “Escola de Minas”, de Ouro Preto, formando-se em Engenharia de Minas, Metalur­gia e Civil, em 1920. Primeiro aluno da turma, conquistou o prê­mio de estudos na França.

Em 2 de fevereiro de 1924, casou-se com Da. Coracy Uchôa, e tiveram nove filhos: Coracy Uchôa Pinheiro, Israel Pinheiro Filho, Helena Uchôa Pinheiro Maria Amélia Pinheiro, João Virgílio Pinheiro, Maria Elisa Pinheiro, Maria Inês Pinheiro, Maria Regina Uchôa e Otávio Uchôa Pinheiro. Faleceu em Belo Horizonte, a 6 de julho de 1973.

CARREIRA POLÍTICA:

Em 1922 eleito Vereador e Presidente da Câmara Municipal de Caeté. Em 1933, nomeado pelo Governador Benedito Valadares Ribeiro, tomou-se Secretário da Agricultura, Viação e Obras Públicas de Minas Gerais, mais tarde também do Comércio e Trabalho.

Em julho de 1942, Presidente da Companhia Vale do Rio Doce, o primeiro. Em 1945, participou ativamente da fundação do Partido Social Democrático (PSD), eleito Deputado Federal e Constituinte de 1946, reeleito em 1950 e 1954.

Integrou a campanha do Presidente Eurico Gaspar Dutra, como valoroso correligionário. Juscelino Kubitschek nomeou-o Presidente da NOVACAP, encarregado da construção da nova Capital. Em 1965, foi eleito Governador de Minas Gerais.

 

PARLAMENTAR

A trajetória de Israel Pinheiro, na Câmara dos Deputados, começou na Constituinte de 1946 e findou com a nomeação para Presidente da Novacap.

A segura e distinguida atuação parlamentar sempre se verificou nas comissões técnicas, onde cuidava das questões do desenvolvimento do país, buscando a estrutura econômica, ao entendimento de que, sem ela, jamais de obteria a transformação do Brasil. Cabe citar, ao propósito, a iniciativa de projeto criador do Ministério da Economia, em 1947.

Naquela época, muito se discutia se o desenvolvimento viria pela agricultura ou pela industrialização. Israel Pinheiro não se alistou na defesa de uma ou outra, mas entendia que ambas seriam indispensáveis. Pensava que se deveria cuidar de ambas. Bem analisou a agricultura e desenvolveu projeto pertinente. Imaginava ser convocado para Ministro da Agricultura, o que não aconteceu, mergulhando-se em frustração pessoal.

Quando Governador de Minas, logo concebeu e implantou o “Projeto Jaiba”.

A atividade parlamentar de Israel Pinheiro marcou-se pelas inteligentes e oportunas intervenções nos debates dos problemas econômicos, sempre ligado às discussões desses temas, citando-se as lutas pela criação da Petrobrás e do plano de desenvolvimento econômico.

Na constituinte de 1946, distinguiu-se na discussão do capítulo da Ordem Econômica, tendo sido Presidente da Comissão de Finanças.

 

HISTÓRIA

O lugar de Israel Pinheiro na História Contemporânea do Brasil veio com a construção de Brasília, obra relevante da engenharia mundial: edificou a capital em quatro anos.

À talho, especial passagem.

O Presidente Juscelino Kubitschek percebeu que a construção da nova Capital só poderia ter a administração de Israel Pinheiro. Convidado, aceitou. Deixou o Rio de Janeiro, renunciou ao mandato de Deputado Federal e à Presidência da cobiçada Comissão de Finanças, rumando para o Planalto Central, onde nada havia, tudo começava.

Indagado sobre isso, respondeu: “antes de ser político, sou engenheiro”.

Quando do discurso de posse no Governo de Minas, ensejou-se-lhe a revelação sublime, logo na primeira frase: “nenhuma honra é mais insig­ne do que governar o Estado em que nascemos”.

OBRAS

Criações da Companhia Vale do Rio Doce e da ACESITA, Circui­to das Águas em Minas, Rádio Inconfidência, Cidade Industrial de Belo Horizonte, Construção de Brasília, Rodoviária de Belo Horizonte, Parque de Exposições da Gameleira em BH, Plano Estadual de Telecomunicações, Observatório Astronômico, Fundação Pandiá Calógeras, para desenvolvi­mento de programas educativos pelo rádio e televisão. Pólo noroeste, para a exploração de recursos agroindustriais de Minas, com aproveitamento eco­nômico do cerrado mineiro. Criou a “Fundação João Pinheiro”.

PERFIL

Entre os muitos e variados exemplos de sua dignidade, permito-me citar apenas dois, que reputo delinitivamente marcantes:

PRIMEIRA: solicitara empréstimo ao BDMG para soerguer a in­dústria de Caeté e, dois dias depois da posse, como Governador, mandara retirar o processo, ao fundamento de que o governante não pode negociar com o Estado que governa.

SEGUNDA: Governador, certo dia transitava pela Avenida João Pinheiro, colheu que a "mansão dos Pinheiros", onde vivera e cujo prédio lhe tocava o mais intimo sentimento, estava posta à venda. Sem dinheiro para readquiri-la. tomou-se de profunda tristeza, tão visível que um dos seus auxi­liares lhe perguntou a causa. Narrado o fato. vieram duas sugestões: empréstimo à Minas Caixa, logo recusada porque o Governador jamais poderia valer-se do cargo para solução de problemas pessoais: determinar ao Pre­feito de Belo Horizonte o imediato tombamento, pois dele amigo e por ele nomeado. Veio a resposta: “Não posso valer-me do cargo para resolver a questão sentimental”.

A demolição da casa destruiu impiedosa e violentamente o sentimento puro do cidadão Israel Pinheiro, mas legou maiúsculo exemplo de completa probidade.

 

TÍTULO

Israel Pinheiro merece, por justiça, esplendoroso título: um dos maiores brasileiros de todos os tempos!

Conquistou o pícaro dessa glória mercê de sua inteligência privilegiada, posta à calva desde a primeira formação, acentuada na “Escola de Minas”, primeiro aluno, que lhe valeu o prêmio de especializar-se na França, então centro opulento da cultural universal.