BERNARDO GUIMARÃES

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 21

Por Sebastião Natanael Silva Gusmão

Bernardo Joaquim da Silva Guimarães nasceu em Ouro Preto, em 15 de agosto de 1825 e faleceu em 10 de março de 1884. Foi romancista e poeta, conhecido por ter escrito o livro “A Escrava Isaura”.

Era filho de João Joaquim da Silva Guimarães, também poeta, e de Constança Beatriz de Oliveira Guimarães. Ele se casou com Teresa Maria Gomes de Lima Guimarães, e tiveram oitos filhos: João Nabor (1868-1873), Horário (1870- 1959), Constança (1871-1888), Isabel (1873-1915), Affonso (1876-1955), José (1882-1919), Bernardo (1832-1955) e Pedro (1884-1948).

Formou-se na Faculdade de Direito de São Paulo, em 1847, e nesta cidade tornou-se amigo dos poetas Álvares de Azevedo (1831-1852) e Aureliano Lessa (1828-1861). Os três e outros estudantes fundaram a Sociedade Epicuréia. Foi nessa época que Bernardo Guimarães teria introduzido no Brasil o bestialógico (ou pantagruélico), que era poesia cujos versos não tinham nenhum sentido, embora bem metrificados. A maioria dessa poesia não foi publicada, porque era considerada pornográfica, e se perdeu. Para alguns críticos, o melhor do escritor seria o bestialógico. Um exemplo dessa produção (não-pornográfica) é o soneto Eu Vi dos Pólos o Gigante Alado.

O seu livro mais conhecido é A Escrava Isaura. Foi publicado pela primeira vez, em 1875, pela Garnier. Conta as agruras de uma bela escrava branca, que vivia em uma fazenda do Vale do Paraíba, na região fluminense de Campos.

O romance foi levado à tela da Rede Globo de Televisão em 1976 e em 1977 e à da Rede Record em 2004. A versão da Globo foi exportada para cerca de 150 países. Na China, protagonizada por Lucélia Santos, a Escrava Isaura foi assistida por mais de 1 bilhão de pessoas. Uma edição do livro naquele país teve pelo menos 300 mil exemplares. O romance é considerado por alguns críticos como antiescravista. José Armelim Bernardo Guimarães (1915-2004), neto do escritor, argumenta que, se a história fosse de uma escrava negra, não chamaria a atenção dos leitores daquela época para a questão da escravidão.

O livro de Bernardo Guimarães mais bem aceito pela crítica é O seminarista, cuja primeira edição é de 1872. Permanece atual, porque questiona o celibato dos padres. Conta a história de um fazendeiro de Minas Gerais que obriga seu filho a ser padre. Eugênio, o filho, ama, desde criança. Margarida, filha de uma agregada da fazenda. Ele tenta abandonar o Seminário de Congonhas, em Minas Gerais, mas o pai dele, o capitão Antunes, inventa que Margarida se casou. Eugênio se ordena. Mas ele endoidece no dia em que volta a sua cidade para rezar sua primeira missa e depara, na igreja, com um cadáver, o da Margarida, que tinha estado muito doente.

Duas das poesias mais conhecidas são consideradas pornográficas, embora não sejam do período bestialógico. Trata-se do O Elixir do Pajé e A Origem do Mênstruo. Ambas foram publicadas clandestinamente em 1875.

Em 1852, tornou-se juiz municipal e de órfãos de Catalão (Goiás). Exerceu o cargo até 1854. Em 1858, mudou-se para o Rio de Janeiro. Em 1859, trabalhou como jornalista e crítico literário no jornal Atualidade, do Rio de Janeiro. Em 1861, reassumiu o cargo de juiz municipal e de órfãos de Catalão. Foi quando, ao ocupar interinamente o juizado de Direito, Bernardo Guimarães convocou uma sessão extraordinária do júri, que liberou 11 réus porque a cadeia não estava em condições de abrigá-los. Em 1864, volta para o Rio de Janeiro. Em 1866, é nomeado professor de retórica e poética do Liceu Mineiro, de Ouro Preto. Em 1867, casa-se. Em 1873, leciona latim e francês em Queluz (Minas Gerais). Em 1881, é homenageado pelo imperador Dom Pedro II. Morre pobre em 10 de março de 1884.

OBRAS
Cantos da Solidão (1852)
Inspirações da tarde (1858)
O Ermitão de Muquém (1858)
A Voz do Pajé (drama - 1860)
Poesias Diversas (1865)
Evocações (1865)
Poesias (volume que reúne as quatro obras de versos anteriores publicadas e mais o poema A Baia de Botafogo - 1865)
Lendas e Romances (contos - 1871)
O Garimpeiro (romance - 1872)
História e Tradições da Província de Minas Gerais (crônicas
e novelas - 1872)
O Seminarista (romance - 1872)
O Índio Afonso (romance - 1872)
A Escrava Isaura (romance - 1875)
Novas Poesias (1876)
Maurício ou Os Paulistas em São João del-Rei (1877)
A Ilha Maldita ou A Filha das Ondas (romance - 1879)
O Pão de Ouro (conto - 1879)
Folhas de Outono (poesias - 1883)
Rosaura
A Enjeitada (romance - 1883)
O Bandido do Rio das Mortes (romance terminado em 1905 por Teresa Guimarães, mulher do autor).