CORONEL JÚLIO CÉSAR PINTO COELHO

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 24

Por Luiz Ricardo Gomes Aranha

O Coronel Júlio César Pinto Coelho é o patrono da cadeira 24 do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.

É, sem dúvida, nome de importância na história e no desenvolvimento econômico de Belo Horizonte, onde abrilhantou trabalho, cultura e letras. Seu filho Copérnico foi, inclusive, Presidente do IHGMG.

Julio César, para quem busca sua memória, guarda uma característica de certa forma intrigante. Seu brilho trafega na vertente oposta das informações que sobre ele se guardaram. O biógrafo não consegue penetrar mais do que alguns aspectos de sua personalidade.

Wolmar Nogueira Borges parece ter tido desencanto semelhante, pois escrevendo uma quase historia do Instituto, limita-se a breve referência a Julio César, ainda assim socorrendo-se de Paulo Kruger Mourão, para dizer que a participação do patrono na criação do instituto limitou-se a passar a “impressão” de que fora o autor da idéia fundadora, em voto proferido no Clube Floriano Peixoto, este sim, palco de muitas participações suas. De qualquer modo, nosso querido Wolmar transcreve a primeira das atas de Fundação do IHGMG com dezenas de assinaturas encabeçadas por João Pinheiro da Silva, entre elas a de Julio César Pinto Coelho, evento datado de 1907 – Vide Revista do IHGMG, Vol. XXIV, 2001 pg. 345/347.

Nasceu, o ilustre mineiro, na Cidade de Santa Bárbara em 31 de dezembro de 1849, vindo a falecer, em Belo Horizonte, no dia 6 de março de 1916.

Julio César Pinto Coelho é pioneiro da capital e, realmente, um dos fundadores do nosso Instituto Histórico e Geográfico. Foi Presidente do Clube Floriano Peixoto, associação anciã e também pioneira, uma espécie de clube social e literário, com nuances políticas, como eram todos, ao tempo. De certa forma, o Clube Floriano Peixoto se transmutou para Instituto Histórico e Geográfico por obra e graça da vontade e firme atuação de Julio César Pinto Coelho.

De sua influência pouco se sabe. Ainda muito novo foi para Sabará e, pouco depois da infância, mudou-se para Juiz de Fora e daí para o Rio, onde se formou engenheiro rural. Radicou-se em Belo Horizonte e aqui deixou marcas importantes em nossa história comunal. Engenheiro, empreiteiro de obras civis, inclusive públicas, foi o construtor do velho e majestoso Palácio da Justiça, na Avenida Afonso Pena. Obteve e exerceu concessão de transporte de bondes, comerciou com materiais de construção. Chefiou a Guarda Nacional , uma espécie de Polícia Militar da época, foi um dos primeiros juízes de paz autorizados a oficiar casamentos na cidade . A ele se devem especiais esforços, com atos concretos, para que a capital viesse de Ouro Preto para Belo Horizonte e não para outras paragens. Em diversas oportunidades se fartou de elogiar nossos “currais” ao tempo que desqualificava os méritos de outras comunas candidatas. Elaborou uma precisa e preciosa cartografia da Capital, provavelmente a primeira, tudo no afã de convencer o Governo de que o paraíso era aqui. Em lº de julho de 1890, cento e vinte anos passados dizia, com detalhes, amor e gosto, referindo-se ao ambiente da Cidade de Minas, Belo Horizonte: “os terrenos são excelentemente arejados, sem pântanos e alagadiços, as nascentes são inúmeras e de água puríssima, excelentes rochas para construção, preciosas argilas, a cidade é bordada por matas, estas cortadas por córregos e regatos de águas puras, tudo próprio para criação de todas as espécies de gado, inclusive lanígero, uberdade excepcional do solo. Milho, arroz, feijão, batata, aipim, trigo, toda sorte de legumes, deliciosas e perenes fontes frutíferas, de manga, laranja, abacaxi, fruta do conde, articum, jabuticaba, ameixa, uva, maçã, pêssego, figo, banana, caju , gabiroba”.

É visto que o velho Coronel, republicano de fé teve a benção de ver Belo Horizonte de “nascentes inúmeras e de água puríssima”. Disto, e é trágico, nem memória guardamos. Viu também quintais de todas as frutas. Ainda as há, pelos teimosos fundos de algumas casas. É a esperança!