JOSÉ CESÁRIO DE FARIA ALVIM
PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 48

Por Luiz Carlos Biasutti


José Cesário de Faria Alvim foi um político mineiro importante nas últimas décadas do Império onde sempre militou nas fileiras do Partido Liberal e, por duas vezes, na fase republicana, assumiu o governo do Estado de Minas Gerais.

Nasceu, em 1839, no arraial de Pinheiro, município de Mariana, hoje denominado Pinheiros Altos, distrito da cidade de Piranga, filho do Coronel de Milícias José Cândido Alvim e de D. Teresa Januário Carneiro, casou-se com D. Amélia de Miranda Alvim.

Viveu intensamente, durante seus sessenta e quatro anos, como político, advogado, economista, jornalista e fazendeiro. Fez seus primeiros estudos em Mariana e Ouro Preto e, posteriormente na Faculdade de Direito de São Paulo, diplomando-se em 1862. Ainda como estudante manifestou sua vocação pelas letras, sendo redator de jornais da Faculdade, ao lado de Rangel Pestana e Teófilo Otoni. No último ano acadêmico entrou para o Partido Liberal.

Ainda nos tempos imperiais, voltou para Ouro Preto, onde exerceu a profissão de advogado e se candidatou a Deputado Provincial, sendo eleito em duas legislaturas. Em 1864, foi eleito Deputado à Câmara Geral do Império e exerceu o cargo na Capital Federal até 1867. Em 1868, com a derrota dos liberais continuou sua luta política na oposição aos conservadores. Em 1877 elegeu-se novamente Deputado à Câmara Geral do Império.

Em 1884, foi nomeado Presidente da Província do Rio de Janeiro, quando se manifestou ferrenho inimigo da escravidão, talvez o motivo principal dos vetos ao seu nome para o ingresso no Senado em seis listas tríplices Após seu breve governo da Província do Rio de Janeiro voltou à Câmara Geral do Império.

Quando o Visconde de Ouro Preto assumiu o governo conservador, em memorável discurso, Cesário Alvim declarou que só voltaria à política como republicano convicto, não participando mais do regime moribundo. Isto foi na sessão de 11 de julho de 1889. Estava próximo o fim da monarquia.

Proclamada a República, foi nomeado por Deodoro da Fonseca, Governador Provisório de Minas Gerais, desempenhando o cargo de 25 de novembro de 1889 a 10 de fevereiro de 1890. Com seu espírito cordato e pacífico procurou desenvolver uma ação conciliatória, procurando a colaboração de bons representantes do antigo monarquismo brasileiro.

Após o breve período em que esteve à frente do governo mineiro, foi convidado para exercer o cargo de Ministro do Interior do governo de Deodoro da Fonseca. Neste cargo revogou o banimento de antigos chefes políticos da monarquia, inclusive do Visconde de Ouro Preto, seu ex-adversário.

Em 1890, foi eleito Senador por Minas Gerais para o Congresso Constituinte, onde exerceu o cargo por pouco tempo por ter sido eleito o primeiro Presidente Constitucional de Minas Gerais. Durante seu governo promoveu as primeiras leis republicanas do Estado, a nova organização municipal e, principalmente, a organização judiciária com as garantias que asseguravam a independência dos juízes. Buscou a reforma administrativa, diminuiu a dívida pública com o estímulo da arrecadação, criando uma boa situação para o tesouro estadual. Conseguiu melhorar a rede ferroviária e a instrução pública.

Com a renúncia de Deodoro da Fonseca, não apoiou “o golpe” de Floriano Peixoto. Uma agitação no interior de Minas, principalmente na Cidade de Campanha, onde separatistas queriam fundar um “Estado do Sul de Minas” foi causa de grande dissabor para o Presidente de Minas. Sendo um homem pacífico e incapaz de ódios e rancores preferiu afastar-se do governo e apresentou sua renúncia. Grandes políticos mineiros, inclusive João Pinheiro, tentaram dissuadi-lo, mas Cesário Alvim foi irrevogável e pronunciou sua célebre frase: “Por minha causa não se lutará em Minas”. Como lembra Amilcar Vianna Filho em sua recente obra “O Segredo de Minas”, pág. l97/l98:
“Desde o início da República, a nova liderança política do Estado buscou tornar tão pacífica quanto possível a transição para o novo regime. Em seu primeiro discurso oficial, o primeiro governador do Estado, Cesário Alvim, mostrou-se aberto às acomodações necessárias, tendo feito, então, forte apelo em favor da paz, unidade e harmonia entre todos os mineiros”.

Após sua renúncia ao governo mineiro, Cesário Alvim foi convidado para exercer o cargo de Prefeito do Distrito Federal, Rio de Janeiro, de 1899 a 1900. Exerceu ainda as presidências do “Loyde Brasileiro”, e da “Viação Férrea Centro Oeste”. Colaborou em diversos jornais: “O Dia” do Rio de Janeiro, DF, “O Farol” de Juiz de Fora e o “Diário de Minas”, de Belo Horizonte. Deixou vários trabalhos: “O Empréstimo Externo” (Rio de Janeiro, 1874) e “Discursos Parlamentares” (Rio de Janeiro, 1876).

Cesário Alvim, falecido em 1903, foi um grande mineiro que, na simplicidade, no bom caráter e na capacidade administrativa honrou nossas tradições pátrias.