JOAQUIM CÂNDIDO DA COSTA SENA

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 53

 

Por Wagner Colombarolli

O Professor Joaquim Cândido da Costa Sena, formado em engenharia pela Escola de Minas de Ouro Preto, foi um homem mais que extraordinário para a sua época, emitindo pronunciamentos e conceitos válidos até hoje.

Foi professor, cientista, literato, tribuno e político. Em todas as suas atividades e em todos os campos do saber, sempre se impôs pela sua competência, incansável trabalho, palavra fácil e amiga e seriedade de propósitos de homem público.

Costa Sena nasceu de família pobre, em 13 de agosto de 1852, em Conceição do Serro, hoje Conceição do Mato Dentro, MG.

Iniciou seus estudos no Colégio do Caraça, amparado pelos padres lazaristas, onde concluiu o curso de Humanidades, contando com a especial proteção do Padre Júlio Clavelin.

Em 1880, concluiu seus estudos superiores, diplomando-se engenheiro pela Escola de Minas de Ouro Preto, contando com a simpatia e apoio de Claude Henri Gorceix, fundador, professor e diretor daquele estabelecimento de ensino.

Em 1891, foi eleito Senador ao Congresso Constituinte do Estado de Minas e, depois, para a 1ª e 2ª legislaturas ordinárias, cobrindo o período 1891-1898. Em 1898, foi eleito para a 3ª legislatura, função que não exerceu, por ter sido eleito vice-presidente do Estado, para o período 1898-1902.

Assumiu a presidência no fim do quadriênio, em virtude do falecimento do presidente, Francisco Silviano de Almeida Brandão, seu antigo companheiro, colega e protetor nos difíceis tempos em que estudava no Rio de Janeiro.

Em 1894-1895, representou o Estado de Minas na Exposição de Minerais de Santiago do Chile, quando organizou magnífico mostruário e o catálogo dos recursos minerais do estado, obtendo excelente repercussão.
Em 1909, representou o Brasil no Congresso Científico Pan-Americano, realizado também em Santiago do Chile.

De 1911 a 1913, foi o Comissário Geral do Brasil na Exposição de Turim, Itália, onde pôs toda a sua infatigável operosidade a serviço da Pátria. Faleceu em Belo Horizonte, em 20 de junho de 1919, na Avenida Paraúna, 424, em casa de Alcides Medrado. Foi sepultado em Ouro Preto, na Igreja de São Francisco de Paulo, a cuja ordem pertencia.

FATOS RELEVANTES DA VIDA DE COSTA SENA

De origem humílima, sofreu muito. Venceu e cresceu baseado na força de vontade, força que opera prodígios e na qual confiou. Teve o apoio de seu irmão, José Cândido da Costa Sena, que se tornou competente médico e exerceu suas funções em sua terra natal, Conceição do Mato Dentro.

Como professor, no testemunho de antigo aluno, poderia ser igualado, nunca superado. Ao domínio completo e pessoal da matéria que lecionava, aliava o entusiasmo e o desejo de transmiti-la aos alunos, com fluência, clareza e simplicidade. Tratava os seus assuntos com método, eloquência e rigor de exposição. O mais importante do professor e humanista era saber fazer de cada discípulo um amigo e admirador.

Costa Sena foi o diretor que mais tempo conduziu os destinos da Escola de Minas, de 1900 a 1919. Nesse cargo, soube consolidar e elevar o nível de ensino e o conceito daquela tradicional escola.

Em 1894, representou, a convite do Conselheiro Afonso Pena o Estado de Minas na Exposição de Minerais em Santiago do Chile. Com calorosos aplausos, foi aclamado Presidente Honorário do Congresso e membro da Sociedade Nacional de Mineralogia daquele país. Em 1909, representou o Brasil no Congresso Pan-Americano, realizado, também em Santiago do Chile.

Em 1911, como Comissário Geral do Brasil, na Exposição de Turim, representou dignamente a pátria, obtendo consagração e popularidade, com referências elogiosas da imprensa italiana.

Publicou vários trabalhos de interesse científico, nos campos da Mineralogia e da Geologia, áreas de seu domínio, relatando estudos sobre os recursos minerais de nosso estado. Sua primeira publicação, ainda recém-formado, foi para o primeiro número do “Anais da Escola de Minas”.

Foi homenageado por cientistas da época, que deram o seu nome a um mineral, a senaita, um satélite do diamante, e às espécies botânicas: Senaea coerulea, Coccoloba senoei, Neosenoea schwacke, Lavoisiera senoei, a Endlichera senoei.

Costa Sena era membro do nosso Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais e da Academia Mineira de Letras. Tinha o dom da palavra fácil; os seus improvisos, segundo a confirmação de pessoas autorizadas e que por várias vezes o ouviram falar, arrebatavam pela eloquência e prendiam pela erudição. Falava correntemente o francês, o inglês, o espanhol e o italiano; lia o alemão e entendia algo de japonês e guarani. Como grande latinista e dotado de uma memória invejável, citava, em suas peças oratórias, trechos de Ovídio, de Virgílio e de Horácio.

Adepto do regime republicano, dedicou-se à política entre 1891 e 1902, período em que manifestou grande atividade e rara capacidade de trabalho, prestando ao país os mais relevantes serviços. Em sua carreira política, demonstrou competência, zelo, probidade e respeito à coisa pública.

Recebeu inúmeras condecorações cabendo destacar as julgadas mais importantes:

• Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa
• Oficial da Legião de Honra da França
• Comendador da Coroa da Itália
• Oficial da Academia Francesa.

Citemos a referência que a “Gazzetta dei Popolo”, de Turim, por ocasião da Exposição, em artigo que enalteceu a figura de Costa Sena e que termina com a expressão: “nasceu pobre e hoje só é rico de glórias.”

CONCLUSÕES
Joaquim Cândido da Costa Sena foi engenheiro, professor, cientista, literato, tribuno e político. Foi uma das grandes figuras de Minas e do Brasil, que o tempo, a fraca memória, a ingratidão e o desconhecimento de nosso povo têm levado ao esquecimento e ao anonimato.

Cabe ao Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais, que o teve como Membro Titular e o tem como Patrono da Cadeira n. 53, preservar-lhe a memória e relembrar, sempre que necessário, os seus feitos, para que sirvam de exemplo e lição para as gerações presentes e vindouras.