MANUEL TEIXEIRA DA COSTA – BARÃO DE CAMARGOS

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 63

Por Cel Paulo Duarte Pereira


Manuel Teixeira da Costa, o 1º Barão de Camargos, nasceu a 20 de outubro de 1811, na então Vila Rica, hoje Ouro Preto, onde, faleceu, em 21 de agosto de 1878, aos 67 anos de idade.

Descendente de uma das mais consideradas famílias da província de Minas Gerais, era filho do Sargento-Mor de Milícias e contador de repartição da Fazenda Real, Manuel Teixeira de Sousa, e de sua mulher, D. Inácia Francelina Cândida da Silva.

Manuel Teixeira da Costa iniciou sua carreira pública aos dezoito anos de idade, na Tesouraria da Fazenda. Destacou-se ao defender os interesses daquele órgão, correndo até risco de vida, em um episódio que se encontra registrado nos arquivos da Tesouraria. Consta que ao rebentar a sedição militar de 22 de março de 1833, todos os empregados superiores fugiram, deixando acéfala aquela Repartição. Embora fosse funcionário subalterno, assumiu a Inspetoria, salvando os cofres onde existia considerável fortuna em barras de ouro e outros valores. Ainda se opôs às despesas ilegais ordenadas pelo governo intruso.

Por merecimento e em virtude de sua notável aptidão, em pouco tempo, cresceu na carreira, sendo nomeado, em 1841, Inspetor da Tesouraria da Fazenda de Minas Gerais.

Ao irromper, em junho de 1842, a Revolução Liberal, na província, manteve-se firme ao lado do governo legal, auxiliando, lealmente, o Presidente, seu correligionário e íntimo amigo, e prestando valiosos serviços à causa pública, nessa época de grande agitação e perigos.

Restabelecida a ordem, preocupou-se o zeloso inspetor com a organização do serviço fiscal e financeiro da província, conseguindo separá-lo da Repartição da Fazenda Geral. Foi o responsável pela confecção do 1º Regulamento da nova Repartição. Deve-se à sua solicitude, critério e proficiência na matéria este apreciável melhoramento administrativo, que acautelou importantes interesses de Minas e também do Tesouro Nacional, uns e outros prejudicados com a aglomeração caótica dos respectivos serviços, aliás, posteriormente, tornados distintos e independentes pelo sistema estabelecido no Ato Adicional à Constituição.

Tão relevantes foram os serviços prestados pelo inspetor Teixeira de Souza, que os mesmos foram atestados e elogiados pelo Presidente da Província General Andrea, que, naquela ocasião, destacou haver emitido aquele tipo de atestado somente 3 vezes, em toda a sua longa vida pública.

Não obstante, com a ascensão do poder do partido liberal, Manuel Teixeira da Costa foi exonerado do cargo, em 1845, pois pertencia à fileiras do partido conservador, cujos os princípios defendi com sinceridade e convicção.

Seu conceito era bastante elevado entres os correligionários, que depositavam nele plena confiança pela indubitável lealdade e pelo desinteresse com que servia à facção.

Foi deputado à Assembleia provincial (o equivalente, hoje, a Deputado Estadual), na 3ª e 7ª legislaturas, e isolado ou em minoria, defendeu, sem trepidar, o seu partido e os seus amigos, colaborando, também, com patriotismo, em diversas providências legislativas de interesse público.

Foi, ainda, Deputado à Assembleia Geral, na 8ª e 9ª legislaturas, tendo, anteriormente, servido de Secretário Interino da Província, com zelo, bom censo, gênio laborioso e probidade que sempre o distinguiram, na vida pública e particular.

Em abril de 1860, foi escolhido, Senador do Império Por Minas Gerais.

Entre os colegas do Senado, sempre foi merecedor de elevada estima, consideração e respeito, de ambos os lados políticos, que se compenetraram de seu elevado caráter.

A moderação com que apresentou a celebre emenda à questão religiosa “quando o Senado desejava que se buscasse um meio de obter a paz entre a Igreja e o Estado, sem detrimento de ambos os poderes”, mereceu a aquiescência da maioria dos membros daquela casa. Era, destarte um grande conciliador.

Ocupou, também, a vice-presidência da província mineira e, nessa qualidade, assumiu por várias vezes a administração provincial.

Dedicadíssimo ao progresso material e moral da província, não se poupou a labores para a consecução de importantes medidas. Era, pois, entusiasta advogado de todos os melhoramentos que podiam engrandecer sua terra natal. Deixou relevantes serviços, a exemplo do ramal férreo para Ouro Preto, a Escola de Minas, Colégios da Companhia de Menores, o Tribunal de relação, as antigas bancas de exames de preparatórios para os cursos superiores, exposições industriais, catequeses e civilização dos índios.

Importa destacar, ainda, sua vida militar, vez que, em maio de 1840, foi eleito alferes. Chegou a Major, naquele mesmo ano, e por decreto, em 1852, foi promovido a Tenente Coronel Comandante do 1° Batalhão de Reserva da Capital. Foi agraciado com o Hábito de Cristo, Comendador e mais tarde, titulado com o Baronato de Camargos.

O Partido Conservador Mineiro foi dirigido pelo Senador Bernardo de Vasconcellos. Mais tarde esse Senador foi substituído por um triunvirato composto dos senadores Barão de Camargos, Francisco Diogo de Vasconcelos e Luiz Antonio Boaventura. Por falecimento dos últimos, o Barão de Camargos conservou a chefa do partido Conservador mineiro até a sua morte. Dirigindo com habilidade, prudência e dedicação.

Notórios, também, eram seus predicados fora da vida pública. Em 1834 casou-se com D. Maria Leonora de Magalhães Teixeira, que veio a ser Baronesa, e posteriormente, Viscondessa de Camargos. Desse consórcio resultaram 18 filhos.

O Barão de Camargos faleceu em 21 de agosto de 1878, em sua Chácara do Gambá, nas cercanias de Ouro Preto.

Vieram-lhe render as últimas homenagens sua numerosa família, parentes, amigos, correligionários e adversários políticos. O Barão de Camargos deixou um belo exemplo para os seus numerosos e dignos descendentes.