MANOEL RODRIGUES DA COSTA

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 74

Autógrafo do Padre Manoel Rodrigues da Costa (Do livro de registro de pastorais da freguesia de Simão Pereira, existente na Cúria Diocesana de Juiz de Fora).

 

Por David Márcio Santos Rodrigues, in memoriam (*)

Fazenda do Registro Velho (Estação de Sá Fortes), Município de Barbacena onde residiu o Inconfidente Padre Manoel Rodrigues da Costa.

Procurando conhecer Manoel Rodrigues da Costa, não foi sem dificuldades que foram encontradas apenas três referências à sua vida, três comentários mais completos sobre este líder político que participou da Inconfidência Mineira, sendo exilado em Portugal, de onde retornou e continuou mantendo ativa participação nos movimentos políticos da época.

São estas as publicações:

• O Pe. Manoel Rodrigues da Costa na Independência Nacional – texto de Bonifácio José Tamm de Andrada;

• Testamento de um Inconfidente – texto de Alexandre Miranda Delgado (ambos na Revista do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais) e

• O Padre Manoel Rodrigues – Inconfidente – livro de Alexandre Miranda Delgado, publicado em Juiz de Fora em 1963.

Consta do referido livro, que Manoel Rodrigues da Costa nasceu aos 2 de julho de 1754 em território da freguesia de Conceição do Ibitipoca, município de Lima Duarte transferiu-se sua família, ainda recém-nascido, segundo o Monsenhor Trindade, para o então arraial de São Caetano do Paraopeba em cuja capela foi batizado a 20 do mesmo mês em que nasceu. Existem, contudo, duvidas sobre a correção desta citação.

Falecido aos 19 de janeiro de 1844, o Padre Manoel Rodrigues da Costa sempre foi um político ativo, tendo participado inclusive da Inconfidência Mineira.

Era filho de Manoel Rodrigues da Costa e Joana Teresa de Jesus, tendo sido também afilhado de João Rodrigues de Macedo importante banqueiro do Império. Possuidor do hábito de São Paulo, estudou no Seminário de Mariana, tornando-se padre no ano de 1780.

Residindo na Fazenda do Registro Velho (Estação de Sá Fortes), Município de Barbacena, recebeu Tiradentes como hospede por várias vezes, passando a pactuar com os ideais do líder da Inconfidência Mineira.

Abortado o movimento, foi preso, julgado e considerado culpado pelo fato de não denunciar o movimento rebelde. Foi enviado a Portugal onde cumpriu pena durante nove anos, tendo regressado ao Brasil em 1801.

Participou ativamente dos episódios que levaram D. Pedro a Proclamar a Independência, foi produtor rural e recebeu Saint Hilaire em sua Fazenda em 1817.

Em 1823, foi Deputado à Assembleia Constituinte e à Assembleia Geral de 1826, quando foi eleito Senador do Império.

Após sua volta ao Brasil, dedicou-se ainda a administrar a Fazenda Registro Velho, onde manteve atividades industriais, produzindo tecidos e óleo de oliva para comercialização.

“Em conseqüência à Revolução liberal do Porto, foi eleito pra as Cortes Gerais Extraordinárias e Constituintes da Nação Portuguesa em 1820. Ao mesmo tempo, participou ativamente nos acontecimentos que levaram ao Fico e à Independência do Brasil.

Depois da Independência do Brasil, elegeu-se deputado por Minas Gerais à Assembleia Constituinte de 1823 e reelegeu-se para a Legislatura Ordinária de 1826, embora não tenha servido este último mandato”.

No ano de 1831 foi condecorado por Dom Pedro I com as ordens do Cruzeiro do Sul e de Cristo, tendo sido também nomeado cônego da Capela Imperial.

Mais tarde, aos 10 de junho de 1842, promoveu na sua fazenda a Revolução Liberal de 1842, marcando as primeiras revoltas liberais ao primeiro Ministério Conservador de Pedro II. Foi o último inconfidente a falecer, tendo sido sepultado na igreja matriz de Barbacena.

Belo Horizonte, 3 de julho de 2009.

(*) O Professor Dr. David Márcio Santos Rodrigues faleceu em 11 de setembro de 2009, semanas depois de ter entregue esta biografia, talvez o último texto de sua autoria, para a publicação na Revista XXXIII do Instituto Histórico e Geográfico de Minas Gerais.