PADRE JOSÉ DA SILVA E OLIVEIRA ROLIM

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 76

Por Paulo de Lima

José da Silva e Oliveira Rolim nasceu em Diamantina, em 1747 e faleceu em Diamantina, em 1835. Participou da Inconfidência Mineira.

Segundo sua declaração, nos Autos da Devassa, afirmou que “... era filho legítimo do Sargento-mor José da Silva de Oliveira, atual Caixa na Real Extração Diamantina, no Tejuco; natural do mesmo Arraial, e é presbítero do Hábito de São Pedro. Residente em casa do dito pai; e de idade de quarenta e dois anos”.

O inconfidente Padre Rolim, em termos de liquidez, era o mais rico do grupo. Devido à função de seu pai como Caixa (administrador) do Real Contrato dos Diamantes, a família adquiriu uma grande fortuna. Mas, com o estabelecimento do novo sistema administrativo – o monopólio da Real Extração – a família foi extremamente prejudicada nos seus negócios. Assim, a família acabou se envolvendo no contrabando das preciosas pedras e, consequentemente, caindo em desgraça junto à Coroa Portuguesa.

Padre Rolim estava longe de ser um clérigo exemplar. Ordenou-se aos 32 anos em Coimbra, porém, não gostava de estudar, tinha grande dificuldade em escrever e não sabia se expressar muito bem verbalmente. Do concubinato com Quitéria, que era uma das filhas de Chica da Silva e João Fernandes de Oliveira, nasceram vários filhos. Talvez tenha procurado a carreira eclesiástica para se ver livre de um processo criminal. Essa era a opinião de Silvério dos Reis dada em um dos seus depoimentos. E essa mesma opinião era compartilhada pelo governador de São Paulo.

A década de 80 seguia normalmente. Na vida familiar, Padre Rolim dedicava-se à criação dos filhos e, “comercialmente”, ao contrabando de diamantes, tráfico de escravos e empréstimo de dinheiro. No final da década de 80, estava completamente envolvido com o movimento da Inconfidência Mineira. “Participou de todas as reuniões decisivas, comprometendo-se a conseguir 200 cavaleiros armados a pagar parte da pólvora”. (Historiador Márcio Jardim).

Para a Coroa Portuguesa, Padre Rolim era pessoa perigosa, pois teria muita influência sobre toda a grande região do Serro.

Ao final do Processo da Inconfidência, foi enviado preso para Portugal. Até 1796, ficou preso na Fortaleza de São Bento da Saúde. Depois, ganhou licença para recolher-se ao Mosteiro de São Bento da Saúde, em Lisboa, onde passou a gozar de certa liberdade. Depois de quase 15 anos preso, em 1805, Rolim já se encontrava novamente no Brasil. Livre, retornou à Diamantina, para retornar à sua vida com Quitéria e os filhos.

Lutou, tenazmente, para reaver seus bens. Só o conseguiria com a independência do Brasil, em 1822. Nesse ano, requereu a restituição da casa do Largo da Intendência (arrematada por sua sobrinha Ana Clara Freire, que não quis devolvê-la, mas indenizou-o em certa quantia de dinheiro, em 1833). Em 1825, recebeu indenização do governo do Império, no valor 1.000$000 réis”.
(Historiador Márcio Jardim)

Segundo o historiador Márcio Jardim, Rolim era maçom, mas sem a certeza de quando teria se envolvido com o movimento.

Em 1835, foi sepultado na igreja do Carmo, “sendo velado com seus paramentos maçônicos”. (Historiador Márcio Jardim).