MARECHAL CÂNDIDO MARIANO DA SILVA RONDON

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 84

 

Por Manoel Magno Lisboa


Cândido Mariano da Silva Rondon, mais conhecido como Marechal Rondon, nasceu no distrito de Mimoso, Santo Antônio do Leverger, MT, em 5 de maio de 1865 e faleceu no Rio de Janeiro em 19 de janeiro de 1958.Foi um militar e sertanista brasileiro.

De origem indígena por parte de seus bisavós maternos (Bororó e Terena) e bisavó paterna (Guaná), Rondon tornou-se órfão precocemente, tendo sido criado pelo tio e, depois de sua morte, transferiu- se para o Rio de Janeiro, para ingressar na Escola Militar.

Ali, além dos estudos serem gratuitos, os alunos da escola recebiam – desde que assentassem praça – soldo de sargento. Alistou-se no 2° Regimento de Artilharia a Cavalo, em 1881. Dentre outros estudos, cursou Matemática e Ciências Físicas e Naturais da Escola Superior de Guerra.

Ainda estudante, teve participação nos movimentos abolicionista e republicano. Foi nomeado chefe do Distrito Telegráfico de Mato Grosso e designado para a Comissão de Construção da linha telegráfica, que ligaria Mato Grosso e Goiás. O governo republicano tinha preocupação com a região oeste do Brasil, muito isolada dos grandes centros e em regiões de fronteira. Assim decidiu melhorar as comunicações construindo linhas telegráficas para o Centro-Oeste.

Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e, principalmente, estabelecendo relações cordiais com os índios. Manteve contato com muitas tribos indígenas, entre elas os Bororó, Nhambiquara, Urupá, Jaru, Karipuna, Ariqueme, Boca Negra, Pacaás Novo, Macuporé, Guaraya e Macurape.

Entre 1892 e 1898, ajudou a construir as linhas telegráficas de Mato Grosso a Goiás, entre Cuiabá e o Araguaia, e uma estrada ligando Cuiabá a Goiás.

Entre 1900 e 1906, dirigiu a construção de mais uma linha telegráfica, entre Cuiabá e Corumbá, alcançando as fronteiras de Paraguai e Bolívia.

Em 1906, encontrou as ruínas do Real Forte Príncipe da Beira, a maior relíquia histórica de Rondônia.

Em 1907, no posto de major do Corpo de Engenheiros Militares, foi nomeado chefe da comissão que deveria construir a linha telegráfica de Cuiabá a Santo Antônio do Madeira, a primeira a alcançar a região amazônica, e que foi denominada Comissão Rondon. Seus trabalhos desenvolveram-se de 1907 a 1915. Nesta mesma época estava sendo construída a ferrovia Madeira-Mamoré, que junto com o desbravamento e integração telegráfica de Rondon ajudaram a ocupar a região do atual estado de Rondônia.

Realizou expedições com a comissão Rondon, com o objetivo de explorar a região Amazônica. Em 1910, organizou e passou a dirigir o Serviço de Proteção aos Índios e, de maio de 1913 a maio de 1914, realizou mais uma expedição, em conjunto com o ex-presidente dos Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt.

Em setembro de 1913, Rondon foi atingido por uma flecha envenenada dos índios Nhambiquaras, sendo salvo pela bandoleira de couro de sua espingarda. Ordenou a seus comandados que não reagissem e batessem em retirada, demonstrando seu princípio de penetrar no sertão somente com a paz.

Em 1914, com a Comissão Rondon, construiu 372 km de linhas e mais cinco estações telegráficas na área do atual estado de Rondônia. Em 1º de janeiro de 1915, concluiu sua missão com a inauguração da estação telegráfica de Santo Antônio do Madeira.

De 1919 a 1924, foi diretor de Engenharia do Exército. Com a revolução de 1930, que destituiu Washington Luís e levou Getúlio Vargas ao poder, foi preso.

Em Maio de 1956, Juarez Távora escreve: “Esclareço que o fato de haver oposto restrição quanto à oportunidade do empreendimento (linhas telegráficas) do Marechal Rondon, não significava desapreço pelo conjunto de sua obra sertanista e aí incluo o nobre esforço de catequese leiga de nossos índios Rondon foi sem dúvida um pioneiro”.

Rondon cumpriu essa missão abrindo caminhos, desbravando terras, lançando linhas telegráficas, fazendo mapeamentos do terreno e principalmente estabelecendo relações cordiais com os índios. Manteve contato com diversos povos indígenas, porém, sem nunca levar a morte ou o horror dos brancos a eles.

Desbravador do interior do país, foi inspiração para criar o SPI (Serviço de Proteção ao Índio). Teve seu primeiro encontro com os índios (alguns hostis, outros escravos de fazendeiros) quando construía as linhas telegráficas que ligaram Goiás a Mato Grosso.

Em 1938, promove a paz entre a Colômbia e o Peru que disputavam o território de Letícia.

Em 1939, reassumiu a direção do Serviço de Protecção aos Índios.

Tornou-se colaborador de Getúlio Vargas. Em 1942, pronunciou discurso em apoio de Getúlio Vargas “por este conduzir a Bandeira política e administrativa da Marcha para o Oeste, visando ao alargamento do povoamento do sertão e de seu aproveitamento agro-pecuário com fundamentos econômicos mais sólidos e eficientes. Homenagem pela sua expressão de simpatia para com os indígenas e disposição de ocupar o vazio do território que permanecia despovoado”.

Em 1946, conclui a Pacificação dos Xavante, do vale do rio das Mortes.

Em 1952, Rondon apresentou ao presidente da República o projeto de criação do Parque Indígena do Xingu.

Em 1953, sob a inspiração direta de Rondon, Darcy Ribeiro funda o Museu Nacional do Índio. Cândido Rondon participa da inauguração.

Em 5 de maio de 1955, data de seu aniversário de 90 anos, recebeu o título de Marechal do Exército Brasileiro concedido pelo Congresso Nacional.

Em 17 de fevereiro de 1956, o Território Federal do Guaporé teve seu nome alterado para Território Federal de Rondônia, em 1981 elevado a estado.

Em 1957, foi indicado para o prêmio Nobel da Paz, pelo Explorer’s Club, de Nova York.

Marechal honorário (Lei n°2.409, de 27 de janeiro de 1955), em 5 de maio de 1955.

Em 1958, morre o Marechal Cândido Rondon, no Rio de Janeiro, aos 92 anos.