ROMUALDO JOSÉ MONTEIRO DE BARROS

- BARÃO DE PARAOPEBA -

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 88

Por Antônio Carlos de Albuquerque


O pai de Romualdo José Monteiro de Barros, Barão de Paraopeba, o português Manuel José Monteiro de Barros nasceu, em 6 de dezembro de 1716, sendo filho legítimo de João Vieira Repincho e de Mariana Monteiro de Barros, na Freguesia de São Miguel das Marinhas, comarca de Barcelos, conforme assento lavrado à fl. 85, do livro de batizados daquele ano, da Igreja de São Miguel das Marinhas.

Manuel José emigrou para o Brasil, em 1761, e obteve a sesmaria de Galés de Cima, com rica lavra e foi nomeado Guarda-mor das Minas de Vila Rica (BROTERO, 1951:19). A entrada de Manuel José, no Brasil, coincide com a nova política colonial portuguesa a partir de 1640, quando a dinastia de Bragança assumiu o poder em Portugal, com o auxílio da Inglaterra.

Contando 50 anos de idade, após ter acumulado respeitável fortuna, casou-se a 16 de agosto de 1766, em Vila Rica, com Margarida Eufrásia da Cunha Matos, filha também do Guarda-mor Alexandre da Cunha Matos e Antonia de Negreiros. Dessa união, de acordo com o testamento de Manuel José, escrito em 18 de junho de 1789, na freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Congonhas do Campo, comarca de Vila Rica, nasceram os seguintes filhos: Dr. Lucas Antonio Monteiro de Barros (Visconde de Congonhas do Campo); João Gualberto Monteiro de Barros; Mateus Herculano Monteiro da Cunha Matos; Romualdo José Monteiro de Barros (Barão de Paraopeba); José Joaquim Monteiro de Barros; Marcos Antonio Monteiro de Barros; Manuel José Monteiro de Barros; Maria do Carmo Monteiro de Barros; e Ana (não há outros dados).

Quatro filhos e oito netos formaram-se na Universidade de Coimbra. O fato revela as ótimas condições familiares alcançadas com a exploração do ouro e das terras, mas algo relevante, quando a educação nunca fora prioridade do Reino para com os habitantes da Colônia. Os filhos e descendentes ocuparam-se da mineração. Findo o ciclo, dedicaram-se à agricultura; após, às atividades industriais e capitalistas (banqueiros) pela formação educacional.

A família Monteiro de Barros está espalhada, principalmente, nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, cujos membros, no passado, foram defensores da monarquia; os outros, servidores das instituições republicanas.

PERSPECTIVA CULTURAL E POLÍTICA

Romualdo José Monteiro de Barros vem a ser o quarto filho do Guarda-mor Manuel José com Margarida Eufrásia. Nasceu em Congonhas do Campo em 1773. Faleceu em 16 de dezembro de 1855 e foi sepultado sem pompas, conforme prescreve o seu testamento, na Matriz de Congonhas do Campo. Casou-se com Francisca Constância Leocádia da Fonseca, em 1795, na Capela da Ordem Terceira de São Francisco, de Ouro Preto. Da união, resultaram onze filhos. O quinto, foi o Padre José Maria Monteiro de Barros (Josino), vindo a ser o vigário da Matriz de São Gonçalo da Ponte e zelador da Capela da Boa Morte, situadas na cidade de Belo Vale (MARTINS, 2007:23).

Tornou-se bem sucedido nas atividades de mineração, agricultura e indústria. Seus empreendimentos na região do Paraopeba estendiam-se ao longo da margem direita dos rios Maranhão e Paraopeba, defrontando-se em 10 léguas com a linha férrea da EFCB, desde a estação de Joaquim Murtinho, até às proximidades da cidade de Moeda. Sucediam-se fazendas e ricas lavras: Goiabeiras, Vieiro, Santo Antonio, Figueiredo Três Forquilhas, Gentio, Grota, Falcão, Dos França, Boa Esperança, Cafundó e outras deixadas em seu inventário (MARTINS apud BROTERO, 1951:987).

Na política foi membro do 2° Governo Provisório da Província de Minas Gerais (1823), do Conselho do Governo de 1825/1830 e exerceu a presidência da Província, em poucos dias, de 10 a 17 de junho de 1850. O título de Barão de Paraopeba veio-lhe por Decreto imperial de 2 de dezembro de 1854, em face dos benefícios pela produção da fazenda Boa Esperança. No campo da indústria, acabou pioneiro na produção de ferro, pois, em 1811, fundou, com o Barão de Eschwege, a “Sociedade Patriótica de Vila Rica” em terreno de sua propriedade cujos restos estão localizados dentro de canteiro da mineração da Cia. Vale do Rio Doce, às margens da atual rodovia federal BR-040. Em Belo Vale, existe a Fazenda Boa Esperança, hoje um patrimônio tombado e recuperado pelo IEPHA-MG (1978/1988).

O jornalista belovalense TARCÍSIO MARTINS, publicou o livro “Fazenda Boa Esperança Belo Vale”, contendo preciosas fotografias, registrando que ali comporta um projeto integrado entre município, Estado, empresas e a comunidade, para valorizar a memória de Minas, “quando a área ao entorno do casarão está repleta de referências históricas e naturais ameaçadas de destruição pelas mineradoras” (Cf.ob.cit). Merece registro especial a bibliografia mencionada.

REFLEXÕES FINAIS

As antigas lavras de ouro seduziram osemigrantes portugueses. As marcas culturais em Belo Vale estão nos sítios arqueológicos, ruínas do século XVIII, fazendas coloniais, Museu do escravo, quilombolas na linguagem simbólica e política. Paradoxos originam-se de fatos persistentes vistos nas cicatrizes das montanhas morenas de ferro. E as possibilidades?

A comunidade, fiel às tradições do catolicismo tradicional, observa ceticamente o cotidiano, na moldura da referência teórica do antropólogo brasileiro Roberto Da Matta quando ele retrata a casa (o privado) a rua (O público) e os contrastes de cada um no Brasil, complementados pelo espaço do transcendente, revelando que esperança maior está na visão do “outro mundo”.

A lógica clânica, enquanto estratégia de poder, é desenvolvida pelos grupos oligárquicos controladores dos mecanismos de captação e de distribuição de recursos públicos. Ela prevalece no Brasil de hoje.

No aprendizado político nos municípios mineiros de origem feudal, a política nutriu-se da rivalidade, enquanto a mobilização se constrói pela beligerância oupelo conflito.

O homem se encontrará e compreenderá seu sentido político (bem comum) e cultural no processo histórico, poiso próprio fato de compreende é um momento da história.