TEODORO FERNANDES SAMPAIO

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 92

Por Dário Teixeira Cotrim


Teodoro Fernandes Sampaio foi engenheiro, geógrafo e historiador. Nasceu, em 1855, no Engenho Canabrava, pertencente ao Visconde de Aramaré, hoje pertencente ao município baiano de Teodoro Sampaio (Bahia). Era filho da escrava Domingas da Paixão do Carmo e do engenheiro Antonio da Costa Pinto, no entanto seu tio o padre Manuel Fernandes Sampaio se incumbiu de sua educação.

Ainda em Santo Amaro, estuda as primeiras letras, no colégio do professor José Joaquim Passos. É levado, em 1864, para São Paulo e, depois, para o Rio de Janeiro, onde estuda no Colégio São Salvador e, em seguida, ingressa no curso de Engenharia do Colégio Central. Ao tempo em que estuda, leciona nos Colégios São Salvador e Abílio, do baiano Abílio César Borges (Barão de Macaúbas), sendo ainda contratado como desenhista do Museu Nacional.

Formou-se em 1877, quando finalmente volta a Santo Amaro, na Bahia, onde nasceu. Ali, revê a mãe e os irmãos, e comprando, no ano seguinte, a carta de alforria de seu irmão Martinho, gesto que repete com os irmãos Ezequiel (1882) e Matias (em 1884). Por ser filho de branco, Sampaio nunca fora um escravo.

Em 1879, integra a “Comissão Hidráulica”, nomeada pelo imperador Dom Pedro II, sendo o único engenheiro brasileiro entre estadunidenses. A convite de Orville Derby, que conhecera na expedição aos sertões do rio São Francisco, participa de nova comissão que realiza o levantamento geológico do Estado de São Paulo (1886). Antes, havia realizado o trabalho de prolongamento da linha férrea de Salvador ao São Francisco (1882). No ano seguinte, é nomeado engenheiro chefe da Comissão de Desobstrução do Rio São Francisco, que deixa quando do convite de Derby para ir a São Paulo. Ali, dentre outras realizações, participa, em 1890, da Companhia Cantareira (engenheiro-chefe). É nomeado Diretor e Engenheiro Chefe do Saneamento do Estado de São Paulo (de 1898 a 1903). Participou da fundação da Escola Politécnica, junto a Sales Oliveira e ao Coronel Jardim.

Foi, em 1894, um dos fundadores do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; membro do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia (1898), que presidiu em 1922; sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (1902). Em 1912, presidiu o V Congresso Brasileiro de Geografia.

Teodoro Sampaio, que nasceu negro e filho de escrava, foi um dos maiores pensadores brasileiros de seu tempo. Engenheiro por profissão, legou-nos uma bibliografia de vasta erudição geográfica e histórica, sobre a contribuição das bandeiras paulistas à formação do território nacional, entre outros temas. É formidável sua sofisticação, na percepção da importância dos saberes indígenas (caminhos, mas não só) na odisséia bandeirante. Igualmente digna de consideração, foi sua contribuição ao estudo de vários rios brasileiros, de pinturas rupestres, em sítios arqueológicos nacionais, do tupi na geografia brasileira e da geologia no País. Neste campo, a geologia brasileira, participou de momentos marcantes, como a expedição de Orville Derby ao vale do rio São Francisco e de comissões específicas. Além disso, foi grande amigo de Euclides da Cunha, e auxiliou o escritor, com conhecimentos sobre o sertão baiano, na elaboração de “Os Sertões”.

Seu nome figura na memória intelectual do País ao lado de Capistrano de Abreu, Joaquim Nabuco, Nina Rodrigues e outros do mesmo patamar. Em sua memória, foram batizados dois municípios brasileiros (na Bahia e em São Paulo) e também uma importante rua da cidade de São Paulo.