ORVILLE DERBY

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 93

Por Marcos Paulo de Souza Miranda


Orville Adelbert Derby nasceu em 23 de julho de 1851, em Kelloggsville, condado de Cayuga, Estado de Nova York, nos Estados Unidos, sendo filho de John C. Derby e Malvina A. Lindsey Derby.

Em 1869, ingressou no curso de Geologia da Universidade de Cornell, na cidade de Ithaca, sede do condado de Tompkins.

Veio ao Brasil, pela primeira vez, em 1870, ainda como estudante e a convite de Charles Frederic Hartt (1840-1878), seu professor de geologia e geografia, para participar da chamada Expedição Morgan. Na ocasião, visitou Pernambuco, onde juntamente com outros naturalistas organizou uma importante coleção de fósseis daquela região.

Na segunda viagem da Expedição Morgan, em 1871, Derby se dirigiu ao vale do Amazonas, onde explorou os rios Tocantins, Tapajós e Xingu, e realizou uma coleta de fósseis carboníferos de calcário de Itaituba do Rio Tapajós, da qual resultou outra significativa coleção.

Graduou-se em geologia, em 1873, e obteve o grau de mestre em junho de 1874, com uma tese dedicada aos fósseis brasileiros.

Em 1875, Derby foi nomeado assistente da Comissão Geológica do Império Brasileiro e passou a residir na cidade do Rio de Janeiro. Durante os dois anos de funcionamento, a Comissão Geológica do Império realizou trabalhos nas Províncias da Bahia e Sergipe, estudando a geologia do Recôncavo Baiano e do rio São Francisco. Na região Norte estudou os depósitos carboníferos da província do Pará, e estendeu suas observações até o Amazonas. Posteriormente realizou pesquisas também na Província do Paraná.

Trabalhou, sem receber remuneração, no Museu Imperial e Nacional até maio de 1879, quando foi nomeado chefe da 3ª seção de geologia naquela instituição, permanecendo no cargo até 1890. Enquanto aguardava sua nomeação para o Museu Imperial, Derby realizou vários trabalhos nas províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná. Também participou de estudos sobre a navegação dos Rios São Francisco e das Velhas, e sobre as obras de melhoramento do Porto de Santos.

Em 1892, recebeu a Medalha Wollaston da Geological Society of London, pelos trabalhos realizados para o Journal of Geology e American Journal of Science.

Em Minas Gerais, reconheceu a origem da flexibilidade dos itacolomitos (quartzito claro e quartzito rosado) e colaborou com o geólogo Claude Henri Gorceix (1842-1919), responsável pala direção da Escola de Minas de Ouro Preto, nos estudos paleontológicos da Carta Geológica de Minas Gerais.

Orville Adelbert Derby atuou em vários campos das ciências geológicas, tendo publicado 48 trabalhos sobre mineralogia e geologia econômica, 42 de geografia física e cartografia, 32 de geologia, 10 de petrografia, 19 de meteorologia e 18 de arqueologia e paleontologia. Publicou, em 1891, os primeiros mapas pormenorizados da América Meridional e, em 1915, um dos primeiros mapas geológicos do país. Muitos de seus estudos sobre o Brasil foram publicados na França, Alemanha e Estados Unidos.

Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, da Sociedade Geológica de Londres, da Associação Americana para o Avanço da Ciência, do Museu Paraense de História Natural e Etnografia e colaborador de diversos periódicos científicos.

Derby nunca se casou, e retornou aos Estados Unidos somente em duas ocasiões (1883 e 1890), durante os 40 anos que viveu no Brasil.

Orville Derby faleceu, em 27 de novembro de 1915, no quarto em que vivia no Hotel dos Estrangeiros, situado na Praça José de Alencar, na cidade do Rio de Janeiro.

Em 23 de julho de 1951, por ocasião do centenário de seu nascimento, o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Academia Brasileira de Ciências e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) promoveram a realização de solenidade em que se resgatou a importância e a dedicação de Orville Adelbert Derby às ciências brasileiras. No ano seguinte, a Comissão Executiva para a Comemoração do Centenário de Nascimento de Orville Derby, com a colaboração da Embaixada Americana, publicou, como homenagem, sua obra intitulada “Estudos sobre a Paleontologia do Brasil”, coordenada por Alpheu Diniz Gonçalves.

Em 1998, a Sociedade Brasileira de Geologia instituiu o “Prêmio Orville Derby”, que objetiva homenagear profissionais das Geociências, que tenham se destacado pela sua contribuição ao conhecimento geológico do território brasileiro.

O importante legado que Derby deixou no Brasil é evidenciado e reconhecido, não só pelos importantes estudos geológicos e paleontológicos que ele aqui realizou, como pela valiosa contribuição prestada na criação, organização e estruturação de entidades técnico-científicas brasileiras.