JOSÉ TEIXEIRA FONSECA VASCONCELLOS

- VISCONDE DE CAETÉ

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 60

Por Doorgal Gustavo Borges de Andrada

Filiação: José Teixeira de Carvalho e Josefa Rodrigues da Fonseca.
Tendo falecido em 10/02/1838.

Formado em Direito pela Universidade de Coimbra.

Ocupado os Cargos Públicos de: Intendente do Ouro de Minas Gerais;
Ouvidor da Comarca de Sabará; Juiz de Fora da Comarca de Sabará;
Deputado no ano de 1823; Presidente da Província do ano de 1824 a 1827 e Senador do ano de 1826 a 1838.

Tendo publicado o trabalho: Dicionário da Língua Tupy.

Os arquivos da Câmara Municipal, da Igreja Matriz, dos Cartórios e outro onde foram anotados os nomes e feitos dos gloriosos filhos e netos dos mineradores das épocas faustosas, durante o longo ciclo do ouro no solo caetense, foram criminosamente esbulhados através dos tempos. Por este motivo o precioso acervo desapareceu das estantes locais e os historiadores têm registrado número reduzido de caetenses que se notabilizaram nos diversos ramos das ciências e das artes, etc.

Assim, vamos descrever neste capítulo alguns nomes, entre os muito existentes, que com grandes dificuldades conseguimos pesquisar.

Ainda que haja nascido em outro município, todavia, por inúmeras razões, tornou-se caetense o inolvidável Dr. José Teixeira da Fonseca Vasconcelos (Visconde de Caeté), pois em Caeté viveu longos anos de sua fecunda existência, casou-se com descendentes de ilustre família local e proliferou para legar a Caeté, Minas e ao Brasil, descendência que até hoje imitam os feitos gloriosos das lides cívicas, políticas, administrativas e religiosas, como se nota entre seus inúmeros descendentes, bastando citar o seu neto Cardeal de Aparecida do Norte, D. Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota.

Assim sendo, vamos transcrever integralmente o que escreveu José Pedro Xavier da Veiga, folha 176, volume I das “Efemérides Mineiras” de 10 de fevereiro de 1836.

“Falece o Visconde de Caeté, José Teixeira da Fonseca Vasconcelos, Senador de Minas Gerais, e nascido em 1766, na Fazenda da Vereda na propriedade de seus pais, sita na freguesia da Santa Quitéria, no município de Sabará. Pertencendo a um família abastada e das mais distintas da Capitania, e tendo manifestado desde a infância aptidões para as letras, foi logo destinado aos estudos, e apenas concluídos os preparativos, partiu para Portugal, formando-se em direito na Universidade de Coimbra.

Ali freqüentou também, outros cursos e, mais assiduamente o de medicina, ciência para a qual revelou sempre vocação particular, e antes de voltar para o Brasil fez diversas viagens pelo interior do Reino, a fim de examinar em várias províncias o estado da agricultura e indústrias.

Regressando à pátria e sem descurar das letras, dedicou-se logo à lavoura, introduzindo nela melhoramentos consideráveis, e na falta de médicos, raríssimos naquele tempo no interior do Brasil, muito valeram seus conselhos e indicações em numerosos casos de enfermidade, não só as pessoas de sua família e da fazenda, como seus parentes e vizinhos.

Anos depois encetou o Dr. José Teixeira da Fonseca Vasconcelos a carreira de magistratura, nos cargos de Intendente do Ouro e de Juiz de Fora, passando mais tarde ao de Ouvidor da Comarca de Sabará. No exercício daqueles, encontrou-o em fins de 1817 um viajante i lustre, o naturalista Saint-Hilaire, que a ele refere-se na segunda parte de suas viagens no interior do Brasil (Volume I, página 166) em termos tão honrosos que julgamos dever de reproduzi-los aqui.

Je ogeias dans capitalle du Rio das Velhas (Sabará,) chez M. José Teixeira, allors “Juiz de Fora” et intendant ou inspecteur de l’or M. Teixeira étan um homme de quarante quelques années, riche et d’une figure fres douce. Ne dans les Minas, il avant fait sés études à Coimbra, et sa conversation était fort agréable. Il était impossible de jour dúne réputation pius belle que M. José Teixeira, partout ou an le connaissait on sáccorrdeit a vanter son humanité, son désintáressement, as candeur, son ameur pour La justice, sés lumière et son arachement pour son pays’.

Deixando a magistratura, já com o tratamento de desembargador, começou a figurar na política, que também então principiava para os brasileiros com os pródromos da independência nacional. Eleito membro, e depois vice-presidente da 1ª Junta do governo provisório da província, neste novo posto de trabalho, sua atividade e patriotismo asseguram-lhe posição saliente entre os beneméritos, não se poupando a toda sorte de esforços pela liberdade e glória do Brasil.

Foi a ele que a referida Junta comissionou para consignar ao príncipe regente D. Pedro os sentimentos e votos do povo mineiro, justamente indignado ante as manobras odiosas das Cortes e governo de Portugal no intuito de recolonizar o Brasil, e que acabavam de exigir a partida do príncipe para a Europa. O discurso que então recitou o desembargador José Teixeira da Fonseca Vasconcelos (15 de fevereiro de 1822) traduz perfeitamente as energias patrióticas e o esclarecimento criterioso de seu espírito. Suas palavras ungidas de verdade e de civismo, forma sem dúvida, com as de J. J. da Rocha, Ledo e Januário, germens abençoados para o brado emancipador de 7 de setembro. É este um dos maiores títulos que aureolam a memória do venerando mineiro.

Proclamada a independência, dentro de poucos anos foi chamado pela confiança do povo e do governo imperial aos mais altos cargos: o de Deputado da Assembleia Constituinte, violentamente dissolvida em 1823, e o de Senador do Império, por esta mesma província, na formação daquela Câmara Legislativa de 22 de janeiro de 1826.

Os anais parlamentares dão testemunho de sua solicitude constante pelos direitos e aspirações do país, quando colocado no posto de seu representante, do qual desempenhou-se brilhante e honradamente.

Primeiro Presidente da Província de Minas, exerceu o cargo de 29 de fevereiro de 1824 a 8 de outubro de 1826, com interrupção apenas de vinte e três dias, cabendo-lhe a tarefa ingente da organização da respectiva secretaria e de todos os serviços provinciais, consoante a lei de 20 de outubro de 1823, impulsionando ao mesmo tempo melhoramentos com razão reclamados por seus conterrâneos. A tudo atendeu infatigável e solícito, dando na administração novas provas de sua capacidade intelectual e moral e da honestidade exemplaríssima de seu caráter. Por tantos e tão relevantes serviços foi agraciado com o título de Visconde de Caeté. Outras e mais valiosas condecorações teve ele na estima, confiança e veneração constantes de seus compatriotas.

Contava já cinquenta e seis anos, a 23 de janeiro de 1822, quando contraiu casamento com ilustre senhora de quem houve oito filhos, sendo levado a essa resolução a pedido de seus dignos parentes, que receavam ver nele extinguir-se a distinta família. É tradição que ao Visconde de Caeté deve-se também a composição de um dicionário da Língua Tupi que, infelizmente, extraviou-se ou sumiu. Seria este, estamos certos, mais um documento a testar os elevados méritos do eminente mineiro, um dos vultos mais respeitáveis de nossa história”.

Ao lado do Patriarca da Independência, José Bonifácio, ele foi compromissado o ‘Patriarca Mineiro da Independência do Brasil’.