ALBERTO SANTOS DUMONT

PATRONO DA CADEIRA NÚMERO 68

Por Athos Vieira de Andrade

ORIGEM
Em 1825, Francisco Dumont e sua mulher Eufrasie Honoré Dumont, avós de Santos Dumont, atraídos pelas notícias da abundância de pedras preciosas no Brasil, emigraram da França e, aqui, fixaram residência em Diamantina, Minas Gerais, onde tiveram três filhos: Felix, Alexandre e Henrique.

Henrique, após concluir seus estudos preparatórios no colégio Dom Pedro de Alcântara, no Rio de Janeiro, foi estudar na França onde se graduou em Engenharia, em 1853. Voltando ao Brasil, foi residir em Ouro Preto. Ali, casou-se com Francisca de Paula Santos, filha do comendador Francisco de Paula Santos.

Por ter assumido o encargo de construir um trecho da Estrada de Ferro da Serra da Mantiqueira, posteriormente denominada Central do Brasil, transferiu sua residência para o município de Palmira, hoje Santos Dumont, Minas Gerais, indo morar na zona rural conhecida como Cabangu, pela proximidade com a região onde seria construído o trecho da nova ferrovia. Ali, edificou sua moradia, uma casa que atualmente abriga o museu de Cabangu, instalado para conservar o acervo Pessoal e histórico do grande brasileiro que ali nasceu em 1873.

Quando Alberto tinha dois anos de idade, seu pai, após cumprir o seu compromisso, transferiu sua residência para o estado do Rio de Janeiro como sócio do seu sogro numa sociedade que visava a exploração da cultura cafeeira. A experiência deu certo, por isso, decidiu plantar café por conta própria. Para tanto, comprou uma fazenda no município de Ribeirão Preto, São Paulo, chegando a ser considerado um bem sucedido Barão do Café.

Em virtude de um acidente, Henrique ficou impossibilitado de continuar à frente dos seus negócios, fato que o levou a vender sua fazenda, dividindo o produto da venda com seus filhos.

Com judiciosas recomendações, Henrique emancipou legalmente seu filho Alberto, entregando-lhe parte dos recursos financeiros que lhe cabiam.
O gosto pela leitura levou Santos Dumont a conhecer as obras de Julio Verne
e outros autores, especialmente aqueles que estudavam os balões.

Ao buscar tratamento na Europa, seu pai levou a família para Paris, onde Alberto encontrou ambiente propício para continuar seus estudos e pesquisas.

VOCAÇÃO:
Aos quinze anos, visitando uma exposição em São Paulo, Santos Dumont viu, pela primeira vez, a subida de um balão. Aquela cena indicou, com muita clareza, o rumo da sua vocação. Dali saiu afirmando: “Eu quero construir balões”.

O acidente sofrido por seu pai e, consequentemente, sua mudança para Paris, foi fato determinante para o futuro do jovem brasileiro. Em Paris, Santos Dumont foi com o pai visitar o “Palácio da Indústria”. Ali, sim, extasiou-se diante de um motor a petróleo. Mais tarde, em seu livro “O QUE EU VI, O QUE NÓS VEREMOS” escreveu ele:
“Qual não foi o meu espanto quando vi pela primeira vez, um motor a petróleo da força de um cavalo, muito compacto, leve, em comparação aos que eu conhecia e ... funcionando...”

PREPARAÇÃO
Na busca de novas informações, ficou conhecendo o senhor Garcia, um professor polivalente que lhe transmitiu preciosos ensinamentos. As primeiras dificuldades encontradas na sua caminhada vitoriosa, quase o levaram ao desânimo. Os balões até então, impulsionados por gazes não eram dirigíveis. Poucas pessoas dedicavam-se ao estudo dos balões e menor era o numero daqueles que praticavam a subida em balões. Um dos Seus maiores desejos era subir em um balão, porém esse passeio aéreo lhe custaria mais de 1.000 francos, além da responsabilidade que deveria assumir de pagar todos os estragos que, por ventura, fossem causados pelo balão no seu retorno à terra. Apesar das dificuldades, continuou seus estudos até fazer a sua primeira elevação em balão, intensificando o seu trabalho na busca de sua dirigibilidade. Numa sequência de experiências construiu os balões números 1, 2, 3, 4, e 5. Com este conseguiu contornar a Torre Eiffel, resolvendo o problema da dirigibilidade. Com o balão número 6, levantou vôo, contornou a Torre Eiffel e voltou ao ponto de partida em vinte e nove minutos e trinta segundos. Continuou com suas experiências construindo os balões números 7, 9, 10, 11, 12, 13 e 14. O passo seguinte foi a construção do 14-BIS que recebeu esse nome pelo fato de, inicialmente, ficar acoplado ao número 14.

A GLÓRIA
O 23 de outubro de 1906 ficou marcado na História. Santos Dumont realizaria, como o fez, o seu grande sonho: Voar com um aparelho mais pesado que o ar. A experiência seria uma temeridade. A expectativa era quase anormal. O campo de Bagatele em Paris passaria a ter o seu nome na história da Aviação Mundial. Os parisienses e os estrangeiros residentes em Paris seriam testemunhas daquele acontecimento singular. Milhares de pessoas aproximaram-se do local e aguardavam, com ansiedade, o resultado de tantos preparativos. O 14-BIS, aeronave que seria testada já estava desligado do veículo auxiliar experimentado em tantas provas anteriores. Santos Dumont estava preparado. Chegara o momento decisivo e tanto esperado. Assumiu ele o comando do 14-BIS. Pede ao povo para afastar-se do local da prova. Deu o sinal convencional. Liga o motor. A hélice gira aceleradamente. De repente, as rodas do 14-BIS giram sobre o solo. O aparelho toma velocidade. As rodas começam a deixar o solo e o aparelho sobe 10... 20... 50 centímetros... um metro... dois metros distante do solo. Se voasse vinte e cinco metros ganharia o prêmio ARCHDEACON... voou 60 metros.

O POVO delirava em aplausos frenéticos, aclamações calorosas e gritos entusiásticos. A multidão não se conteve. Santos Dumont foi retirado do aparelho e carregado em triunfo pelo povo. Era finalmente a glória!

REPERCUSSÃO
A imprensa européia não economizou elogios ao grande vencedor. O jornal LE MATIN deu destaque com esta manchete:
“O homem conquistou o ar: Santos Dumont realizou ontem um experiência sensacional”

O PETIT JOURNAL comentou cm manchete:
“Santos Dumont foi o primeiro homem que teve sucesso com um aparelho mais pesado que o ar”

A revista L’ILLUSTRAZIONE ITALIANA comentou:
“O aparelho de Santos Dumont levantou vôo com seus próprios meios”

CONCLUSÃO:
O notável feito de Santos Dumont foi e continua sendo reverenciado no mundo inteiro. O espaço físico que temos, nesta oportunidade, para escrever a sua biografia é muito pequeno para conter todas as facetas de sua vida. Este resumo é simplesmente uma contribuição cujo objetivo é provocar no leitor o desejo de conhecer um pouco mais da extensa literatura já escrita a respeito da sua marcante personalidade e elevado significado da obra que ele deixou em benefício da humanidade. Por isso é ele conhecido como o PAI DA AVIAÇÃO.